quarta-feira, 13 de abril de 2016

Jesse Marsh e Tarzan

Estava folheando um encadernado de histórias em quadrinhos do Tarzan, da Ebal (Editora Brasil-América), presente do velho amigo A. Moraes, e me detive um pouco mais nas HQs produzidas pelo Jesse Marsh.

 
Pelo que sei, os leitores de Tarzan não gostavam muito dele. Li isso uma vez numa sessão de cartas da revista – o editor, Aizen, havia comentado. Meu artista favorito do homem-macaco é, e acho que sempre será, Russ Manning, mas as histórias de que mais gostei até hoje do Tarzan foram as que o Jesse Marsh fazia. Não sei se era ele quem escrevia as histórias (na época as editoras cultivavam o péssimo hábito de não creditar os autores); consta que pelo menos algumas foram escritas por Gaylord Dubois, mas não sei dizer quais.

As história feitas por Marsh eram, a meu ver, mais fiéis ao espírito das histórias escritas por Edgar Rice Burroughs; o clima de aventura permeava tudo, mesmo as cenas mais simples, quando, por exemplo, os personagens estavam apenas sentados conversando perto de uma fogueira. Seus personagens eram mais bem elaborados e caracterizados, tinham alma e profundidade, coisa que eu não via em artistas mais “festejados” pelos leitores – inclusive o próprio Manning, de quem eu gosto tanto.

Jesse Marsh começou sua carreira como animador nos estúdios Disney e depois foi trabalhar com quadrinhos. O desenho dele tinha influências do Milton Caniff, perceptível nas grandes massas de preto que usava em seus desenhos; penso que tinha também algo de artista plástico, pela grande variedade de texturas que ele conseguia com o pincel.


Uma coisa que também aprecio no trabalho dele é a forma como desenhava os povos africanos. Numa época em que os desenhistas costumavam desenhar pessoas negras (e de outras etnias) todas com a mesma cara, Marsh desenhava esses personagens de forma distinta uns dos outros. Foi também ele o primeiro a fazer HQs do homem-macaco especialmente para revistas. As revistas já existiam, mas até então o material publicado eram tiras de jornais reeditadas para o formato das revistas.

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