Essa é uma cena da 2a. HQ do Klabinho, personagem que produzimos no estúdio Gibiosfera para a revista Chácara Klabin, que circula no bairro de mesmo nome, em São Paulo. É um personagem que gosto de desenhar!
Recebo os roteiros da Denise Ortega em forma de layout, isto é, ela escreve os textos das histórias acompanhados por esboços para dar uma rápida ideia do que ela quer na cena. Esse método agiliza o processo de produção, além de dar aos clientes uma boa previsão de como vai ficar o produto final.
Aprovado o roteiro, passamos às etapas seguintes. Nesse caso, os desenhos e a arte-final são feitas por mim, e as cores e letreiramento, pelo estúdio.
sábado, 27 de dezembro de 2014
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
Gonçalo Júnior - Entrevista no programa Pauta Aberta
Essa entrevista foi feita em outubro do ano passado, mas vale a pena ver, ou rever!
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Lido: Thorgal - A Feiticeira Traída
Conheci Thorgal há muito anos, já no segundo volume da série - "A Ilha dos Mares Gelados" - lançado no Brasil pela editora VHD Difusion em meados dos anos 1990.
Na época não fiquei muito impressionado, nem pelo desenho nem pelo roteiro. Em relação ao desenho, creio que fosse porque eu tinha uma outra idéia do que seria uma boa arte para HQs, e Thorgal tinha um estilo muito diferente disso; quanto ao roteiro, creio que minha cisma era em relação ao (pequeno) elemento de ficção científica presente no enredo, o que na minha opinião de então, não tinha nada a ver com a temática do personagem. Talvez eu ainda estivesse muito habituado às histórias do Conan e achasse estranho ter elementos de ficção científica numa história de fantasia heróica. Mas agora que tenho a oportunidade de conhecer melhor o personagem e seu universo, percebo que isso não só explica muito sobre a personalidade de Thorgal, como tem consequências importantes no futuro da série, quando ela continua com seus filhos. Thorgal é definitivamente algo muito diferente do Conan… Trata-se de uma mistura de aventura, fantasia, misticismo e ficção científica, tudo ao mesmo tempo!
Em "A Feiticeira Traída", ficamos sabendo que Thorgal é um bastardo de origem desconhecida, e que justamente por isso Gandalf-o-Louco, rei dos vikings do norte, não pode deixar que ele se case com sua filha Aaricia. Para livrar-se desse embaraço, Gandalf decide prender Thorgal a uma rocha, à beira do mar, onde ele deverá morrer afogado em poucas horas, assim que a maré subir. Thorgal é salvo pela feiticeira Slive, com uma condição: em troca de sua vida, Thorgal deve servi-la por um ano, sem questionar. Assim, Slive o usa para colocar em prática seu plano de vingança contra o rei Gandalf.
Esse álbum vem ainda com uma história curta de bônus, "Quase o Paraíso". Durante uma jornada, Thorgal vai parar acidentalmente num lugar paradisíaco, onde nunca mais sofrerá dor, nem fome, nem frio, tendo ainda 3 mulheres para si, além de se tornar imortal! O único preço a pagar por isso é que ele nunca mais poderá sair daquele lugar…
Os roteiros, como é habitual com Van Hamme, têm ótimas reviravoltas. E eu adoro a maneira como ele trabalha o misticismo em Thorgal - na minha opinião, de forma bem mais criativa do que em Conan, por exemplo (e saiba que eu sou fâ do cimério!).
No desenho, gosto de ver a evolução artística de Rosinski. Nesse primeiro álbum, ele ainda desenha com um estilo um pouco caricatural, mas no decorrer da série, a cada volume, vemos que seu traço vai ficando cada vez mais realista e sofisticado - embora eu não esteja dizendo de forma alguma que tenha achado seus desenhos ruins. Adoro o traço dele, solto e visceral!
Então, para quem gosta de uma boa história de fantasia heróica, creio que Thorgal é uma ótima pedida!
Os criadores
Thorgal foi criado pelo roteirista belga Jean Van Hamme. Licenciado em economia, deixou seu trabalho como diretor-geral da Phillips belga para se tornar escritor. Na minha modesta opinião, é um dos mais imaginativos escritores de quadrinhos que existem. E parece que o público franco-belga concorda: tudo que Van Hamme escreve, vende!
Quem desenha a série é o Grergorz Rosinki, artista polonês que começou a carreira ilustrando capas de disco e livros didáticos infantis. Mudou-se para Bruxelas, na Bélgica, no final dos anos 1970 onde conheceu o roteirista Van Hamme. Ele havia produzido outras obras já na Bélgica, mas seu primeiro grande sucesso foi mesmo Thorgal.
Links para baixar vários álbuns do Thorgal: http://tralhasvarias.blogspot.com.br/2012/11/thorgal-todos-os-numeros.html#more
Links para baixar vários álbuns do Thorgal: http://tralhasvarias.blogspot.com.br/2012/11/thorgal-todos-os-numeros.html#more
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Cartoon do Gilberto
Uma versão cartoon do meu amigo e professor Gilberto Palma. Depois de feita, a arte foi impressa numa caneca. Usei um "fundo musical", porque ele é um cara muito ligado à música!
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Kário - Estudos de personagens
Esses são estudos de alguns personagens da primeira história do Kário que estou escrevendo. É um recomeço, e vai narrar a infância do personagem. Muita gente que leu Dívida de Sangue me perguntava sobre a origem do Kário, então nesse recomeço achei que seria bom iniciar pela infância do personagem e mostrar a formação da personalidade dele. Estou entusiasmado!
terça-feira, 11 de novembro de 2014
domingo, 9 de novembro de 2014
Ilustração: Alimente Um Sonho
Mais uma ilustração feita para a Claudia Marreiro, em mais uma de suas ações sociais - desta vez, uma campanha para arrecadar alimentos e livros. Eu gostei de fazer e a Claudia, de receber. :)
Esboço:
E a arte pronta:
Esboço:
E a arte pronta:
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
Caneca do Kário
Resolvi fazer uma pra mim... Fiz aqui mesmo em Guarulhos, mas ainda estou à procura de um outro fornecedor que me garanta a melhor qualidade possível.
terça-feira, 4 de novembro de 2014
Capitalismo posto à mesa (Crônica)
Freqüentemente era a mesa forrada apenas pela metade, o que indicava a separação, ou divisão, que existia naquela família. Também revelava que, ali, ninguém apreciava muito fazer suas refeições juntos, pois nesse caso a mesa ficaria toda forrada, como um convite para que todos estivessem ali.
Um e outro, cada um na sua vez, senta ali para comer algo. Migalhas de pão espalhadas pela toalha, ninguém pensa em limpar. Mãe escrava existe para isso, talvez o único tipo de escravismo não apenas não abolido, como ainda incentivado. Os cachorros em volta da mesa, com olhar pedinte. Talvez caísse alguma migalha.
Resolveu o pai almoçar com a família. Não exatamente "junto". A mesa continuava forrada pela metade, de modo que só havia espaço para duas pessoas sentarem do lado forrado. Esse espaço foi ocupado pela filha e pelo genro. A outra metade estava desforrada, mas não vazia: foi tomada pelas compras feitas à tarde, ainda não guardadas. O pai afastou algumas coisas, tentando conseguir um espaço para por seu prato. Ninguém o ajudou, nem lhe ofereceu um lugar. Não ganhava muito dinheiro. Uma das regras do Capitalismo é que quem ganha mais dinheiro tem mais privilégios e direitos, quem não ganha, tem menos. É assim nas famílias, nas cidades, nos países, no mundo.
À tarde, pacotes de biscoitos abertos (e devidamente comidos) espalhados sobre a mesa, à espera de serem recolhidos pela mãe/escrava. Espera-se sempre que alguém resolva os problemas. Se deixarmos ali, alguém acaba resolvendo. Desde que não sejamos nós.
Os cachorros ainda rondavam a mesa, com olhar esperançoso.
Uma migalha.
Apenas. Uma. Migalha.
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Cartoon da Roselene
Essa foi uma cartunização feita pra Roselene, que na época estava grávida de sua filhinha Olívia. A arte foi feita para ser usada numa caneca personalizada.
domingo, 2 de novembro de 2014
Cartunização em Família
A simpática família composta por William, Elaine e o pequeno Lorenzo, que "cartunizei" algum tempo atrás, mas nunca havia postado aqui.
É um tipo de trabalho que não faço com frequência, mas que me dá muito prazer, ainda mais quando vejo a alegria que as pessoas sentem ao se verem desenhadas como cartoons.
Pretendo disponibilizar em breve esse tipo de serviço para que mais pessoas possam ter suas versões cartunizadas também. :)
É um tipo de trabalho que não faço com frequência, mas que me dá muito prazer, ainda mais quando vejo a alegria que as pessoas sentem ao se verem desenhadas como cartoons.
Pretendo disponibilizar em breve esse tipo de serviço para que mais pessoas possam ter suas versões cartunizadas também. :)
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Mais uma HQ corporativa
No último fim de semana terminei de desenhar uma HQ de 11 páginas para uma empresa
cliente do Estúdio Gibiosfera. Foi corrido, mas curti fazer. A história
não podia ter muitos cenários, então procurei compensar brincando com as
expressões dos personagens.
terça-feira, 14 de outubro de 2014
Lido: Yoko Tsuno - O Trio do Mistério
Li há poucos dias O Trio do Mistério, primeiro álbum da série da Yoko Tsuno, personagem dos quadrinhos franco-belgas que há muito tempo queria conhecer!
Nessa aventura de estréia, Yoko Tsuno conhece Vic Vídeo e Pol Pitron (traduzido no álbum como "Paulo"), que se tornariam seus parceiros ao longo de todos os álbuns seguintes, e se vê às voltas com os Vineenses, alienígenas vindos do planeta Vinea há milhares de anos e que vivem escondidos no interior da Terra.
A história tem aquele clima de "Sessão da Tarde de antigamente", com uma narrativa bem fluida e ação que não para (como convém a uma história juvenil de aventura). Em alguns momentos, aqui e ali, a história soa datada - compreensível para uma HQ feita em 1972. Talvez os fãs de ficção científica mais exigentes não considerariam a história genial, mas não se pode negar que Roger Leloup é um autor competente. Trata-se de um "quadrinho-pipoca' honesto, sem a pretensão de revolucionar nada, feito para leitores de todas as idades (como grande parte dos quadrinhos franco-belgas).
O grande destaque são os desenhos de Leloup. Tem uma arte detalhada e minuciosa, perfeita para esse estilo de HQ, que nos brinda com várias cenas espetaculares, nesse álbum...
... e ao longo de toda a série.
Uma coisa que achei curiosa nesse álbum é que o desenho de Leloup vai mudando aos poucos durante a história. Algo que é bastante comum com todos os desenhistas ao longo de suas carreiras, mas não tão comum em uma mesma obra! Ele começa com um traço cartunesco, mas depois vai adotando um estilo mais realista. Deduzo eu que seja porque ele percebeu que uma abordagem um pouco mais realista se encaixava melhor no tipo de HQ que estava fazendo. Como um músico faz ao afinar um instrumento. E a Yoko foi passando por transformações ao longo do tempo, como é normal de acontecer a qualquer personagem.
Origem
Yoko Tsuno surgiu em 1968, em histórias curtas publicadas na revista Spirou, célebre revista de quadrinhos franco-belga por onde passaram grandes nomes dos quadrinhos europeus. A princípio os roteiros eram feitos por Maurice Tillieux, sendo depois assumidos pelo próprio Roger Leloup, quando este começou a fazer os álbuns. Consta que, no início, Yoko não era a personagem principal da série, e que os editores teriam decidido estabelecê-la como protagonista devido ao sucesso de Natacha, a primeira heroína dos quadrinhos franco-belgas (e também publicada na Spirou). Yoko seria, então, a segunda heroína surgida nesse meio predominantemente masculino.
Roger Leloup
O desenhista começou sua carreira como assistente de alguns grandes nomes da HQ franco-belga. Foi assistente de Jacques Martin (criador de Alix) e depois trabalhou nos Estúdios Hergé (Tintim), onde desenhava cenários - especialmente veículos. É criação dele o famoso avião Carreidas 160 Jet, que aparece no aventura de Tintim "Vôo 714 Para Sidney".
Nessa aventura de estréia, Yoko Tsuno conhece Vic Vídeo e Pol Pitron (traduzido no álbum como "Paulo"), que se tornariam seus parceiros ao longo de todos os álbuns seguintes, e se vê às voltas com os Vineenses, alienígenas vindos do planeta Vinea há milhares de anos e que vivem escondidos no interior da Terra.
A história tem aquele clima de "Sessão da Tarde de antigamente", com uma narrativa bem fluida e ação que não para (como convém a uma história juvenil de aventura). Em alguns momentos, aqui e ali, a história soa datada - compreensível para uma HQ feita em 1972. Talvez os fãs de ficção científica mais exigentes não considerariam a história genial, mas não se pode negar que Roger Leloup é um autor competente. Trata-se de um "quadrinho-pipoca' honesto, sem a pretensão de revolucionar nada, feito para leitores de todas as idades (como grande parte dos quadrinhos franco-belgas).
O grande destaque são os desenhos de Leloup. Tem uma arte detalhada e minuciosa, perfeita para esse estilo de HQ, que nos brinda com várias cenas espetaculares, nesse álbum...
... e ao longo de toda a série.
Uma coisa que achei curiosa nesse álbum é que o desenho de Leloup vai mudando aos poucos durante a história. Algo que é bastante comum com todos os desenhistas ao longo de suas carreiras, mas não tão comum em uma mesma obra! Ele começa com um traço cartunesco, mas depois vai adotando um estilo mais realista. Deduzo eu que seja porque ele percebeu que uma abordagem um pouco mais realista se encaixava melhor no tipo de HQ que estava fazendo. Como um músico faz ao afinar um instrumento. E a Yoko foi passando por transformações ao longo do tempo, como é normal de acontecer a qualquer personagem.
Origem
Yoko Tsuno surgiu em 1968, em histórias curtas publicadas na revista Spirou, célebre revista de quadrinhos franco-belga por onde passaram grandes nomes dos quadrinhos europeus. A princípio os roteiros eram feitos por Maurice Tillieux, sendo depois assumidos pelo próprio Roger Leloup, quando este começou a fazer os álbuns. Consta que, no início, Yoko não era a personagem principal da série, e que os editores teriam decidido estabelecê-la como protagonista devido ao sucesso de Natacha, a primeira heroína dos quadrinhos franco-belgas (e também publicada na Spirou). Yoko seria, então, a segunda heroína surgida nesse meio predominantemente masculino.
Roger Leloup
O desenhista começou sua carreira como assistente de alguns grandes nomes da HQ franco-belga. Foi assistente de Jacques Martin (criador de Alix) e depois trabalhou nos Estúdios Hergé (Tintim), onde desenhava cenários - especialmente veículos. É criação dele o famoso avião Carreidas 160 Jet, que aparece no aventura de Tintim "Vôo 714 Para Sidney".
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
Little Nemo Amazônico
Uma história em quadrinhos de uma página do Little Nemo, que desenhei a partir do texto da Sayonara Melo, e que fará parte de uma exposição organizada por ela tendo o personagem como tema principal. Sendo eu um grande fã, tanto do Nemo como da Sayonara, posso dizer que foi uma satisfação enorme desenhar essa HQ. Procuramos inserir o Nemo no contexto da cultura amazônica, à qual a Sayonara é fortemente ligada, e o resultado foi esse.
Um pouco de História
Little Nemo foi criado por Winsor McCay em 1905, publicado em jornais norte-americanos em forma de tiras dominicais, e é uma das maiores obras das histórias em quadrinhos de todos os tempos. As histórias narravam as aventuras do menino Nemo no mundo dos sonhos, terminando sempre com ele despertando no último quadrinho. Winsor McCay fez todo tipo de experiências narrativas e gráficas nas páginas de Little Nemo in Slumberland (O Pequeno Nemo na Terra dos Sonhos), o que fez com que sua obra fosse admirada e cultuada até os dias de hoje.
Mais sobre informaçõs sobre o Little Nemo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Little_Nemo
Um pouco de História
Little Nemo foi criado por Winsor McCay em 1905, publicado em jornais norte-americanos em forma de tiras dominicais, e é uma das maiores obras das histórias em quadrinhos de todos os tempos. As histórias narravam as aventuras do menino Nemo no mundo dos sonhos, terminando sempre com ele despertando no último quadrinho. Winsor McCay fez todo tipo de experiências narrativas e gráficas nas páginas de Little Nemo in Slumberland (O Pequeno Nemo na Terra dos Sonhos), o que fez com que sua obra fosse admirada e cultuada até os dias de hoje.
Mais sobre informaçõs sobre o Little Nemo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Little_Nemo
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
Klabinho
Esse é o Klabinho, mais um personagem que criamos no estúdio Gibiosfera para atender aos clientes da revista Chácara Klabin!
Eu me identifiquei de cara com o trabalho. É uma revista voltada para moradores de um bairro de São Paulo, e eu simpatizo muito com propostas comunitárias, como é o caso dessa revista. O editor tem conseguido usar sua revista para trazer muitas melhorias na qualidade de vida dos moradores e acreditou muito no Klabinho como parte integrante da publicação.
O cachorro do Klabinho, o Kaká, foi o que exigiu mais estudos da minha parte. Abaixo, os vários esboços que fiz pra ele até chegar na forma final!
O cachorro do Klabinho, o Kaká, foi o que exigiu mais estudos da minha parte. Abaixo, os vários esboços que fiz pra ele até chegar na forma final!
terça-feira, 8 de julho de 2014
Potira
Postei outro dia no Facebook uma página que havia feito há alguns anos adaptando uma sequência da novela Irmãos Coragem num estilo meio mangá. Ela gerou alguns comentários entusiasmados e um dos comentaristas perguntou como ficaria no meu traço a (impactante) cena da morte da índia Potira.
Resolvi desenhar a cena e o resultado foi esse.
Resolvi desenhar a cena e o resultado foi esse.
sexta-feira, 20 de junho de 2014
O ritmo nos quadrinhos
Hoje vamos falar sobre ritmo de leitura nos quadrinhos. Usei praticamente só exemplos do Frank Miller porque ele me deu o que precisava para esse assunto.
Como de costume, aviso que a intenção aqui não é criar regras... Apenas compartilhar o pouco que sei com as pessoas que vêm me visitar.
Há quem diga que o cinema e os quadrinhos são "irmãos", talvez por terem surgido quase na mesma época. Eu penso que não, embora haja entre eles um ou outro ponto em que se tocam. O cinema é a arte que faz o registro do tempo usando o próprio tempo, enquanto os quadrinhos o fazem usando o espaço. No cinema, o diretor determina quanto tempo durará uma cena. Nos quadrinhos, é o leitor quem determina - embora tenhamos alguns elementos com os quais podemos sugerir o ritmo da leitura. Apenas sugerir. O controle estará sempre na mão do leitor.
Existem maneiras diferentes de conseguir isso; depende do autor, da intenção, do estilo da história, etc. A primeira e mais óbvia é a narrativa - a quantidade de texto e imagem que mostramos em cada seqüência, sobre a qual já tratamos aqui.
Acelerando a ação!
Quando um diretor de cinema deseja criar uma cena de ação intensa, ele precisa fazer cortes rápidos, fragmentados, além de uma música explosiva para transmitir ao leitor a sensação de velocidade. Ele tem o controle do tempo a seu favor, e pode manipulá-lo o quanto quiser. Nós não temos nada disso. Os recursos dos quadrinhos são outros.
Se você pensar que o desenho é um símbolo e que portanto faz parte da leitura assim como as letras e as palavras, então vai chegar à conclusão de que um quadrinho numa página pode ter sua leitura mais rápida ou mais lenta dependendo da quantidade de informação visual que há nele, tanto quanto se houvesse mais ou menos texto num balão ou recordatório.
Veja nessas páginas do Frank Miller como ele conseguiu uma sequência de leitura rápida (adequada para uma cena de ação). Se ele tivesse acrescentado cenários detalhados no fundo isso tornaria a leitura dos quadros mais lenta, e a sensação de urgência da cena ficaria prejudicada. Sem os cenários, o foco da ação ficou apenas nos personagens. Repare também que os quadros onde há mais cenários (os últimos) são justamente a parte onde entra um texto reflexivo, que pede um ritmo mais lento. No último quadro, que tem um formato mais estreito, é possível até imaginar que, se fosse um filme, essa cena seria um travelling. Mas como aqui não é cinema, em vez de fazermos a câmera passear pelo quadro, fazemos os olhos do leitor passearem por ele.
Segurando o tempo
Fazendo novamente uma comparação com os filmes, há basicamente duas formas de tornar o ritmo mais lento, dependendo do objetivo: o travelling e a câmera lenta. Os quadrinhos têm recursos equivalentes.
Nessa página da clássica minissérie Batman - O Cavaleiro das Trevas, Frank Miller usou uma narrativa fragmentada (equivalente à câmera lenta do cinema) para tornar a cena lenta e criar o clima de tensão.
A outra forma de segurar o ritmo da leitura é o seguinte. Se você concordar que para acelerarmos a ação numa HQ nós reduzimos a quantidade de informação, então para diminuir o ritmo podemos ir para o caminho oposto.
Frank Miller fez isso nessa cena. Ao fazer um grande quadro, com vários personagens e ações acontecendo simultaneamente, ele faz com que o leitor gaste mais tempo para absorver tudo o que acontece na cena, deixando-a assim com uma leitura mais lenta.
Ou você pode tentar ficar louco e seguir o exemplo do Geof Darrow!
Qual recurso é melhor? Depende do seu objetivo. Na sequência fragmentada, imitando a câmera lenta do cinema, o objetivo é provocar tensão no leitor; no quadro grande, hiperdetalhado, o objetivo é causar espanto ou admiração.
Agora é com você!
Como de costume, aviso que a intenção aqui não é criar regras... Apenas compartilhar o pouco que sei com as pessoas que vêm me visitar.
Há quem diga que o cinema e os quadrinhos são "irmãos", talvez por terem surgido quase na mesma época. Eu penso que não, embora haja entre eles um ou outro ponto em que se tocam. O cinema é a arte que faz o registro do tempo usando o próprio tempo, enquanto os quadrinhos o fazem usando o espaço. No cinema, o diretor determina quanto tempo durará uma cena. Nos quadrinhos, é o leitor quem determina - embora tenhamos alguns elementos com os quais podemos sugerir o ritmo da leitura. Apenas sugerir. O controle estará sempre na mão do leitor.
Existem maneiras diferentes de conseguir isso; depende do autor, da intenção, do estilo da história, etc. A primeira e mais óbvia é a narrativa - a quantidade de texto e imagem que mostramos em cada seqüência, sobre a qual já tratamos aqui.
Acelerando a ação!
Quando um diretor de cinema deseja criar uma cena de ação intensa, ele precisa fazer cortes rápidos, fragmentados, além de uma música explosiva para transmitir ao leitor a sensação de velocidade. Ele tem o controle do tempo a seu favor, e pode manipulá-lo o quanto quiser. Nós não temos nada disso. Os recursos dos quadrinhos são outros.
Se você pensar que o desenho é um símbolo e que portanto faz parte da leitura assim como as letras e as palavras, então vai chegar à conclusão de que um quadrinho numa página pode ter sua leitura mais rápida ou mais lenta dependendo da quantidade de informação visual que há nele, tanto quanto se houvesse mais ou menos texto num balão ou recordatório.
Veja nessas páginas do Frank Miller como ele conseguiu uma sequência de leitura rápida (adequada para uma cena de ação). Se ele tivesse acrescentado cenários detalhados no fundo isso tornaria a leitura dos quadros mais lenta, e a sensação de urgência da cena ficaria prejudicada. Sem os cenários, o foco da ação ficou apenas nos personagens. Repare também que os quadros onde há mais cenários (os últimos) são justamente a parte onde entra um texto reflexivo, que pede um ritmo mais lento. No último quadro, que tem um formato mais estreito, é possível até imaginar que, se fosse um filme, essa cena seria um travelling. Mas como aqui não é cinema, em vez de fazermos a câmera passear pelo quadro, fazemos os olhos do leitor passearem por ele.
Segurando o tempo
Fazendo novamente uma comparação com os filmes, há basicamente duas formas de tornar o ritmo mais lento, dependendo do objetivo: o travelling e a câmera lenta. Os quadrinhos têm recursos equivalentes.
Nessa página da clássica minissérie Batman - O Cavaleiro das Trevas, Frank Miller usou uma narrativa fragmentada (equivalente à câmera lenta do cinema) para tornar a cena lenta e criar o clima de tensão.
A outra forma de segurar o ritmo da leitura é o seguinte. Se você concordar que para acelerarmos a ação numa HQ nós reduzimos a quantidade de informação, então para diminuir o ritmo podemos ir para o caminho oposto.
Frank Miller fez isso nessa cena. Ao fazer um grande quadro, com vários personagens e ações acontecendo simultaneamente, ele faz com que o leitor gaste mais tempo para absorver tudo o que acontece na cena, deixando-a assim com uma leitura mais lenta.
Ou você pode tentar ficar louco e seguir o exemplo do Geof Darrow!
Qual recurso é melhor? Depende do seu objetivo. Na sequência fragmentada, imitando a câmera lenta do cinema, o objetivo é provocar tensão no leitor; no quadro grande, hiperdetalhado, o objetivo é causar espanto ou admiração.
Agora é com você!
terça-feira, 17 de junho de 2014
Te Pego Lá fora!
Mais uma história da Turma do Barulho, a primeira que escrevi: "Te Pego Lá Fora", inspirada no filme homônimo dos anos 80 e campeão da Sessão da Tarde. Saiu no número 2 da revista.
Nessa história procurei inserir no universo da Turma alguns elementos fantasiosos à la Parker Lewis, seriadinho teen dos anos 90 que eu achava simpático. Esses elementos não foram incorporados pelos outros roteiristas e a coisa meio que acabou aí mesmo.
Tinha dito da outra vez que "O Possesso" havia sido minha primeira história censurada, mas me enganei. "Te Pego..." já tinha uma "censura": na cena em que o Kid Bestão come um ovo podre, o roteiro original mostrava ele peidando, não arrotando. Ou seja, tive a honra de ser censurado pela Abril logo em minha HQ de estréia. Yay! :D
Nessa história procurei inserir no universo da Turma alguns elementos fantasiosos à la Parker Lewis, seriadinho teen dos anos 90 que eu achava simpático. Esses elementos não foram incorporados pelos outros roteiristas e a coisa meio que acabou aí mesmo.
Tinha dito da outra vez que "O Possesso" havia sido minha primeira história censurada, mas me enganei. "Te Pego..." já tinha uma "censura": na cena em que o Kid Bestão come um ovo podre, o roteiro original mostrava ele peidando, não arrotando. Ou seja, tive a honra de ser censurado pela Abril logo em minha HQ de estréia. Yay! :D
sábado, 14 de junho de 2014
Página de Vídeos
Acabei de inaugurar minha página de Vídeos (acesse na barra superior do blog), onde pretendo juntar vídeos e documentários que eu considerar importantes para o aprendizado de quem gosta e quer fazer quadrinhos.
Para começar, estão ali os 5 documentários da série Quadrinhos - A Nona Arte, produzidos pela TV Brasil!
Para começar, estão ali os 5 documentários da série Quadrinhos - A Nona Arte, produzidos pela TV Brasil!
quinta-feira, 12 de junho de 2014
HQs da Turma do Barulho
Quem me acompanha pelo Facebook já sabia, e quem (ainda) me acompanha por aqui vai ficar sabendo agora.
Comecei a colocar no Issuu algumas histórias que escrevi e desenhei para o gibi da Turma do Barulho. Para quem não sabe, a TDB foi um gibi infantil que produzimos nos anos 1990 no estúdio Jota & Sany; teve 12 edições publicadas (6 pela Editora Abril e 6 pela Press Editorial), das quais eu possuo apenas metade. Dentre elas, há 3 histórias minhas. E são essas que resolvi escanear e mostrar para quem quiser conhecê-las.
A primeira, Rumo às Estrelas, já havia mostrado no Facebook há alguns dias:
A outra, O Possesso, postei hoje:
Como curiosidade, O Possesso foi minha primeira HQ "censurada" pela Abril. No roteiro original, eu dizia que o tio
do Bob perseguia cachorros de rua para comê-los. Mas, como se pode ver
no último quadro da página 1, o roteiro foi alterado para dizer que o
tio "apenas" os torturava.
Espero que gostem!
Comecei a colocar no Issuu algumas histórias que escrevi e desenhei para o gibi da Turma do Barulho. Para quem não sabe, a TDB foi um gibi infantil que produzimos nos anos 1990 no estúdio Jota & Sany; teve 12 edições publicadas (6 pela Editora Abril e 6 pela Press Editorial), das quais eu possuo apenas metade. Dentre elas, há 3 histórias minhas. E são essas que resolvi escanear e mostrar para quem quiser conhecê-las.
A primeira, Rumo às Estrelas, já havia mostrado no Facebook há alguns dias:
Espero que gostem!
segunda-feira, 9 de junho de 2014
Novas/velhas HQs
Acabei de acrescentar duas novas/velhas HQs ao blog. São elas:
- Slane: Vingança, um super-herói que criei e desenhei no início dos anos 1990 para a Phênix Editoial, do Tony Fernandes. Essa edição em pdf é a mesma que o Lancelott Martins havia feito, exceto pela capa, que montei utilizando a ilustração original da revista onde a HQ foi publicada.
- Campos de Morango, uma história também antiga, que desenhei logo depois da HQ do Slane, com roteiro de Dennis Anderson de Araújo e Ednei Ritter, e que havia ficado praticamente inédita até hoje.
Essas histórias (e outras) podem ser lidas acessando a página "Quadrinhos", no menu logo acima. Mas, como sou um cara bacana, coloquei um box na barra lateral do blog com links para os meus quadrinhos... Agora você não tem mais desculpa para não ler! ;)
- Slane: Vingança, um super-herói que criei e desenhei no início dos anos 1990 para a Phênix Editoial, do Tony Fernandes. Essa edição em pdf é a mesma que o Lancelott Martins havia feito, exceto pela capa, que montei utilizando a ilustração original da revista onde a HQ foi publicada.
- Campos de Morango, uma história também antiga, que desenhei logo depois da HQ do Slane, com roteiro de Dennis Anderson de Araújo e Ednei Ritter, e que havia ficado praticamente inédita até hoje.
Essas histórias (e outras) podem ser lidas acessando a página "Quadrinhos", no menu logo acima. Mas, como sou um cara bacana, coloquei um box na barra lateral do blog com links para os meus quadrinhos... Agora você não tem mais desculpa para não ler! ;)
segunda-feira, 5 de maio de 2014
Canetinhas Coloridas (Crônica)
Andando pela rua, fui visitado pelo meu passado. Ele veio até mim na forma de uma mão magra e um tanto calejada, que me estendia um pacote de canetinhas coloridas.
Não sei se ele me reconheceu, mas eu sim. Fácil: ele tinha praticamente o mesmo aspecto desde a última vez que o vi... Quando, uns 28 anos? Exceto por um pequeno e natural envelhecimento da pele, estava tudo lá: os óculos de aro grosso preto, o cabelo escorrido, a cara triste… O mesmo olhar perdido, de alguém que não consegue se ajustar ao mundo e anda à margem da vida.
Na adolescência estudava na mesma escola que eu. Sempre o via sozinho. Durante os dois ou três anos em que o vi circular pelos corredores e pelo pátio da escola, nunca o vi conversar com alguém. Ele era invisível, ou quase. Só o percebi por causa da minha natural identificação com os desprezados pela sociedade que trago comigo desde sempre. Entretanto, nem eu falava/falei com ele. Na época eu tinha ainda menos habilidades sociais do que hoje.
Se é verdade que não se deve zombar dos nerds porque no futuro serão nossos patrões, o que deu errado com aquele espécime? O cara vende canetinhas na rua. E traz ainda o mesmo olhar triste, de quem foi esmagado pelo mundo e não encontra lugar aqui. Um olhar de desespero sufocado dia após dia, dia após dia…
Recusei as canetinhas. Insensibilidade?. Ele passou por mim e foi embora. Não olhei para trás.
Não sei se ele me reconheceu, mas eu sim. Fácil: ele tinha praticamente o mesmo aspecto desde a última vez que o vi... Quando, uns 28 anos? Exceto por um pequeno e natural envelhecimento da pele, estava tudo lá: os óculos de aro grosso preto, o cabelo escorrido, a cara triste… O mesmo olhar perdido, de alguém que não consegue se ajustar ao mundo e anda à margem da vida.
Na adolescência estudava na mesma escola que eu. Sempre o via sozinho. Durante os dois ou três anos em que o vi circular pelos corredores e pelo pátio da escola, nunca o vi conversar com alguém. Ele era invisível, ou quase. Só o percebi por causa da minha natural identificação com os desprezados pela sociedade que trago comigo desde sempre. Entretanto, nem eu falava/falei com ele. Na época eu tinha ainda menos habilidades sociais do que hoje.
Se é verdade que não se deve zombar dos nerds porque no futuro serão nossos patrões, o que deu errado com aquele espécime? O cara vende canetinhas na rua. E traz ainda o mesmo olhar triste, de quem foi esmagado pelo mundo e não encontra lugar aqui. Um olhar de desespero sufocado dia após dia, dia após dia…
Recusei as canetinhas. Insensibilidade?. Ele passou por mim e foi embora. Não olhei para trás.
domingo, 20 de abril de 2014
Narrativa
O que é narrativa?
Narrar - em quadrinhos - é criar uma sequência de imagens que transmita ao leitor todos os eventos de uma história de maneira clara. Você sabe que se tornou um bom narrador quando os leitores conseguem entender o que se passa numa história mesmo sem ler os textos. Mas o assunto aqui não é exatamente esse, e sim...
Modelos Narrativos
Existem basicamente 3 modelos narrativos principais, dos quais todos os outros derivam. O americano, o japonês, e o francês. A diferença entre um e outro está na relação imagem-texto - o quanto de cada um é exposto em cada quadro e página. Há razões técnicas e históricas para explicar porque cada modelo se desenvolveu de uma forma, mas vou deixar esse tema de lado para manter o foco e não me alongar demais.
Todos esses modelos têm vantagens e desvantagens. Todos são válidos e acredito que quem começa a fazer quadrinhos deve experimentar os três, e só depois escolher um que se encaixe melhor naquilo que cada um acredita que os quadrinhos sejam.
E às vezes essa escolha depende da quantidade de páginas disponíveis para se contar uma história.
A narrativa dos mangás é muito sedutora. A principal vantagem da narrativa cinematográfica empregada nos mangás (e também nos quadrinhos da Sergio Bonelli Editore, que deixei de fora desta lista por causa do critério que usei para montá-la) é a capacidade de fazer o leitor imergir na história com muita facilidade. Mas para trabalhar nesse formato, é preciso ter à disposição um grande número de páginas - o que nem sempre é possível.
Se o que se busca é transmitir um maior volume de informação numa quantidade menor de páginas, a narrativa americana acaba sendo a melhor escolha.
E a escola franco-belga, creio eu, junta o melhor dos dois mundos.
Algumas coisas para se levar em conta
Narrar - em quadrinhos - é criar uma sequência de imagens que transmita ao leitor todos os eventos de uma história de maneira clara. Você sabe que se tornou um bom narrador quando os leitores conseguem entender o que se passa numa história mesmo sem ler os textos. Mas o assunto aqui não é exatamente esse, e sim...
Modelos Narrativos
Existem basicamente 3 modelos narrativos principais, dos quais todos os outros derivam. O americano, o japonês, e o francês. A diferença entre um e outro está na relação imagem-texto - o quanto de cada um é exposto em cada quadro e página. Há razões técnicas e históricas para explicar porque cada modelo se desenvolveu de uma forma, mas vou deixar esse tema de lado para manter o foco e não me alongar demais.
- No modelo americano, temos relativamente poucos quadros por página (em torno de 5 ou 6), splash pages (quadros que ocupam a página toda), e grande quantidade de texto (hoje menos, devido à influência dos mangás). A narrativa é mais compacta. O quadro abaixo é uma splashpage de uma revista da DC Comics, onde vemos o personagem Darkseid em destaque, cercado por vários balões de texto. Se fosse um mangá (ou uma HQ da Bonelli), essa cena seria dividida em vários quadros, distribuindo o texto entre eles de modo a tornar a narrativa mais fluida. Uma HQ francesa também dividiria a cena em vários quadros, a diferença é que não teria "quadros silenciosos" - truque típico dos mangás para tornar as cenas mais dramáticas.
- No japonês, há em geral menos quadros ainda por página e pouco texto; a narrativa é bastante visual e fragmentada, e consequentemente há uma quantidade maior de páginas por edição. A página dupla abaixo é do mangá Lobo Solitário, na qual se nota que o clima da cena vai sendo construído quase que totalmente pelo uso de imagens, mais do que pelo texto. Se fosse uma HQ americana, provavelmente se usaria apenas o primeiro quadro, com o clima da cena sendo estabelecido por textos em recordatórios; um quadro mostrando a reação dos personagens; e o último mostrando os pensamentos do personagem. Uma HQ francesa seguiria um esquema parecido, mas possivelmente sem o uso de recordatórios no primeiro quadro e, como essa sequência ficaria mais compacta, a página completa teria um número maior de quadros que seriam ocupados com a ação subsequente (mais conteúdo, portanto).
- Por fim, temos o modelo francês, que de certa forma é uma fusão dos dois anteriores... Combina sequências com uma narrativa mais densa e outras mais fragmentadas. Tem mais quadros por página do que uma HQ americana ou japonesa. Isso pode ser visto na página abaixo, da série francesa XIII, onde há uma pequena sequência mais detalhada (a correria de XIII dentro do banco) e a saída do mesmo, até chegar à rua e pegar um táxi (com cortes maiores entre uma ação e outra). Numa HQ americana, haveria mais um ou dois painéis entre os quadros 5 e 6, e 7 e 8. Se fosse um mangá, haveria um número muito maior de painéis inseridos em toda essa sequência (e, consequentemente, seria desdobrada em mais páginas).
Todos esses modelos têm vantagens e desvantagens. Todos são válidos e acredito que quem começa a fazer quadrinhos deve experimentar os três, e só depois escolher um que se encaixe melhor naquilo que cada um acredita que os quadrinhos sejam.
E às vezes essa escolha depende da quantidade de páginas disponíveis para se contar uma história.
A narrativa dos mangás é muito sedutora. A principal vantagem da narrativa cinematográfica empregada nos mangás (e também nos quadrinhos da Sergio Bonelli Editore, que deixei de fora desta lista por causa do critério que usei para montá-la) é a capacidade de fazer o leitor imergir na história com muita facilidade. Mas para trabalhar nesse formato, é preciso ter à disposição um grande número de páginas - o que nem sempre é possível.
Se o que se busca é transmitir um maior volume de informação numa quantidade menor de páginas, a narrativa americana acaba sendo a melhor escolha.
E a escola franco-belga, creio eu, junta o melhor dos dois mundos.
Algumas coisas para se levar em conta
- Por mais sedutora que a narrativa cinematográfica seja, não posso deixar de pensar que imitar a narrativa do cinema é uma forma de rebaixar os quadrinhos como uma arte menor, que precisa imitar "o primo rico" para ser melhor aceita. Lembro das palavras de um amigo meu: "lugar da narrativa cinematográfica é no cinema". Em vez de tentar reproduzir no papel aquilo que o cinema pode fazer (o que não conseguiremos, por serem linguagens totalmente diferentes), por que não procurarmos fazer aquilo que o cinema não pode? Não só na narrativa, mas também no conteúdo. Cinema tem restrições orçamentárias, quadrinhos não. O único limite dos quadrinhos é a imaginação.
- A imaginação, na narrativa, é absolutamente necessária. Uma história em quadrinhos não mostra tudo que acontece entre um quadro e outro; precisamos da imaginação para preencher essas lacunas e completar a sequência de imagens em nossa mente. Que tal darmos um pouco de trabalho mental para o leitor, sem lhe entregar tudo mastigadinho?
- O desafio da narrativa é saber selecionar exatamente quais serão as cenas-chave necessárias para contar a história sem deixar o leitor confuso. Um quadro a menos pode colocar tudo a perder. Saber quais quadros são necessários e quais não, só vem com a experiência e estudo. Pratique!
quarta-feira, 12 de março de 2014
Jayme Leão (1945-2014)
Já correu a notícia de que Jayme Leão nos deixou, devido a complicações decorrentes de insuficiência renal.
Ele foi um dos ilustradores mais extraordinários que já vi. Ilustrou capas de vários livros da Coleção Vagalume, que eu e tantos adolescentes da minha geração leram e amaram. Além de ter ilustrado muitos outros livros.
Na primeira e única vez em que visitei a Editora Ática, vi na parede um quadro enorme com uma pintura de um navio, feito pelo Jayme. Era uma obra realmente impressionante!
Nunca o conheci pessoalmente, e fazia tempo que não sabia de seus novos trabalhos. E agora não terei mais chance de fazer nem uma coisa, nem outra... Nunca mais.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
sábado, 25 de janeiro de 2014
Capitão Rapadura
O JJ Marreiro havia me convidado para participar da exposição "Capitão Rapadura: Coração Brasileiro". Como não se diz "não" pro JJ, fiz minha pequena contribuição para o evento, ao lado de grandes artistas do traço que também homenagearam o personagem.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
Templates para webcomics
Versão mais objetiva do post que eu havia colocado aqui anteriormente.
PANEL, do Wordpress, para seus usuários gratuitos. Não dá pra personalizar quase nada (como, em geral, todos os templates do Wordpress), mas dá pra quebrar o galho.
SIMPLE WEBCOMIC THEME, do Tumblr. Tem mais recursos para personalizar o blog do que o Panel, além de ser mais fácil de utilizar para quem não conhece o Wordpress (que muitos acham difícil). Não é possível configurar a largura da página: é aquilo e acabou-se.
Agora só falta o Blogger abrir os olhos pra isso também.
PANEL, do Wordpress, para seus usuários gratuitos. Não dá pra personalizar quase nada (como, em geral, todos os templates do Wordpress), mas dá pra quebrar o galho.
SIMPLE WEBCOMIC THEME, do Tumblr. Tem mais recursos para personalizar o blog do que o Panel, além de ser mais fácil de utilizar para quem não conhece o Wordpress (que muitos acham difícil). Não é possível configurar a largura da página: é aquilo e acabou-se.
Agora só falta o Blogger abrir os olhos pra isso também.
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