Estava folheando um encadernado de histórias em quadrinhos do
Tarzan, da Ebal (Editora Brasil-América), presente do velho amigo A. Moraes, e me
detive um pouco mais nas HQs produzidas pelo Jesse Marsh.
As história feitas por Marsh eram, a meu ver, mais fiéis ao espírito das histórias escritas por Edgar Rice Burroughs; o clima de aventura permeava tudo, mesmo as cenas mais simples, quando, por exemplo, os personagens estavam apenas sentados conversando perto de uma fogueira. Seus personagens eram mais bem elaborados e caracterizados, tinham alma e profundidade, coisa que eu não via em artistas mais “festejados” pelos leitores – inclusive o próprio Manning, de quem eu gosto tanto.
Jesse Marsh começou sua carreira como animador nos estúdios Disney e depois foi trabalhar com quadrinhos. O desenho dele tinha influências do Milton Caniff, perceptível nas grandes massas de preto que usava em seus desenhos; penso que tinha também algo de artista plástico, pela grande variedade de texturas que ele conseguia com o pincel.
Uma coisa que também aprecio no trabalho dele é a forma como desenhava os povos africanos. Numa época em que os desenhistas costumavam desenhar pessoas negras (e de outras etnias) todas com a mesma cara, Marsh desenhava esses personagens de forma distinta uns dos outros. Foi também ele o primeiro a fazer HQs do homem-macaco especialmente para revistas. As revistas já existiam, mas até então o material publicado eram tiras de jornais reeditadas para o formato das revistas.
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